A primeira vez que entrei em
contato com alguma coisa do universo de Kid
Icarus foi quando joguei o Super
Smash Bros Brawl do Wii, onde o anjo chamado Pit (protagonista do Kid Icarus) era um dos personagens
selecionáveis. Era, a propósito, meu personagem preferido nesse jogo. Como eu
sabia que todos os personagens já haviam surgido de um título próprio, resolvi
pesquisar a origem do Pit e cheguei à década de 80, na era de ouro do
Nintendinho.
Fonte: (gamegrumps) |
Lançado pela Nintendo em 1986 no
Japão e um ano depois no ocidente, a história, inspirada na mitologia grega, se
passa no universo fantasioso de Angel Land, um lugar dividido verticalmente em
três reinos: o Skyworld, mundo dos
anjos, governado pela deusa da luz Palutena; o Underworld, mundo inferior, governado pela deusa das trevas Medusa;
e o Overworld, mundo dos mortais,
diretamente influenciado pelos os outros dois reinos. No início havia
equilíbrio entre os três reinos e a paz reinava plena até que uma divergência
entre as deusas da luz e das trevas pôs fim à ordem em Angel Land. Palutena que
usava seus poderes de luz para trazer felicidade aos homens do Overworld, tinha
uma rixa com a Medusa, que usava seus poderes de escuridão pra fazer o serviço
contrário e destruir as colheitas e ainda pra piorar, transformar os homens em
pedra. Enfurecida com isso, Palutena transformou a Medusa em pedra e a baniu
para o submundo. Em contrapartida, uma vez no submundo, Medusa armou uma
conspiração com os monstros e os demônios do submundo para invadir o palácio de
Palutena no céu. Após um ataque surpresa, a deusa das trevas e seu exército do
submundo surrupiaram os três tesouros sagrados do Skyworld: Mirror Shield, The
Arrow of Light e The Wing of Pegasus. Além disso, o exército de anjos de
Palutena foi transformado em pedra e ela foi aprisionada no seu próprio
palácio.
Fonte: (entretenimentomijiniano) |
Você deve estar se perguntando a
essas alturas: e onde o Pit entra nessa história? Então, usando suas últimas
forças, Palutena conseguiu enviar um arco mágico a um súdito seu, um jovem anjo
chamado Pit, que estava preso no Underworld. Com essa arma celestial, ele
consegue fugir da sua prisão e se preparar parar percorrer os três reinos de
Angel Land, em busca dos tesouros sagrados que foram distribuídos entre os mais
fortes subordinados de Medusa, para logo em seguida derrota-la e resgatar
Palutena de sua clausura.
Fonte: (entretenimentomijiniano) |
Apesar de a história ser bem
complexa e interessante, na prática o que você tem é um jogo de plataforma bem
difícil que mistura elementos de aventura com elementos de rpg. Como você
começa o jogo no UnderWorld, a maior
parte do jogo você vai passar subindo plataformas lutando contra cobras, olhos
voadores e até a ‘morte’ que precisa ser
atacada pelas costas pra evitar que ela te veja e chame reforços para te
perseguir. Apesar de possuir uma barra de vida, Pit morre com muita facilidade,
pois muitos inimigos, principalmente os alados, são difíceis de acertar com
tiros de flecha já que Pit só atira na horizontal e na vertical. Além disso, os
saltos do herói são um pouco imprecisos, e se você errar um pulo ou tiver esgotada
a sua barra de vida você morre e volta para o início da fase, logo o jogador
terá que ter muita paciência, pois pode estar de cara com a porta da saída e
morrer por ali mesmo, tendo a frustração de fazer toda a subida novamente. A
primeira vez que joguei este jogo achava que não existiam fases e imaginava que
era uma subida infinita com plataformas e inimigos gerados aleatoriamente, pois
mesmo depois de subir uma eternidade eu nunca conseguia chegar ao final da fase
e logo acabava enjoando de continuar.
Fonte: (entretenimentomijiniano) |
As fases são divididas em 4
níveis por reino, sendo que o último nível de cada reino muda a dinâmica do
jogo e você explora uma espécie de castelo com várias salas onde você pode ir e
voltar com a ajuda de uma mapa para se localizar. O objetivo é encontrar o
chefão da fase que é um dos 3 demônios que guardam os tesouros sagrados que
foram tomados pela Medusa na guerra contra Palutena. Uma vez reunidos os 3
tesouros a gente tem acesso à última fase do jogo para o embate final com a
Medusa, num nível que tem uma estrutura diferente também, se assemelhando a um
jogo de nave, estilo R-Type, só que usando o Pit voando e atirando flechas. Com
exceção das fases de bosses e das
fases do Overworld o resto vai ser
sempre níveis de subida.
Fonte: (entretenimentomijiniano) |
Outra característica do jogo
reside no elemento de rpg impregnado
nele. Você inicialmente possui apenas o arco mágico com munição infinita de
flechas para dar conta do recado, entretanto, com o desenrolar dos níveis, inimigos
bem mais fortes surgirão e suas flechas ficarão obsoletas contra eles, logo
será necessário fazer upgrades para as flechas de Pit. Isso é possível
encontrando pelo caminho portas que te levam para salas de treinamento. Nessas
salas, um velhinho treinará você colocando-o para destruir uns objetos
quadrados que se movimentam de forma aleatória e, após a conclusão desse teste,
ele te apresentará três itens que aumentam as habilidades de Pit em algum
aspecto: Escudo de cristal, que aumentam a resistência de pit contra os
inimigos; dardo flamejante, que possibilita a Pit atingir alvos múltiplos; e
arco sagrado, que aumenta o alcance das flechas. Todos esses itens, só
funcionam se Pit estiver com energia vital alta. Além disso, existem upgrades
para o arco e flecha que estão escondidas em portas secretas, conhecidas como
Câmaras de Deus e é o diferencial para conseguir terminar esse jogo sem muitos
problemas, pois estas aumentam o poder de ataque das flechas, dependendo de
alguns fatores, como o número de inimigos derrotados e quantidade de dano
recebido em batalha, o que automaticamente torna a luta contra os inimigos
menos estressante. Como eu não sabia disso inicialmente, segui o jogo usando o
primeiro arco e flecha (em cada upgrade a flecha muda de cor) e com o passar do
tempo, simples inimigos necessitavam de pelo menos 8 flechadas para morrer, o
que tornou impossível o prosseguimento, daí tive que reiniciar e sair caçando
essas upgrades.
Mapa do level 2-4. Fonte: (nesmaps) |
Fonte: (entretenimentomijiniano) |
Além das salas de treinamento e
da Câmara de Deus, as portas que você encontra pelo caminho podem ainda te
levar a mais 5 lugares diferentes: lojas de itens e mercados negros que
oferecem itens em troca de corações (que é uma espécie de moeda do jogo que
você ganha ao derrotar inimigos); câmaras de tesouros, que podem conter itens
mais raros; nascentes de água quente, que restauram a barra de vida de Pit; e
ninhos inimigos, onde você pode derrotar muitos monstros afim de coletar
bastante corações extras. Esses corações, à propósito, são importantes não
somente para a compra de itens nas lojas e mercados negros, mas também para o
aumento da barra de vida de Pit, que acontece ao final de um nível, se pontos
suficientes forem coletados.
Fonte: (en.wikipedia) |
Em relação aos itens que você
pode comprar no jogo nós temos folhas de papel, lápis e tocha para os níveis de
bosses. E você pergunta: pra que
diabos servem um lápis e um papel nesse?! Então, as fases onde enfrentamos
chefões são as únicas que necessitam de uma mapa que existe na tela de menu,
porque elas são uma espécie de labirinto com várias câmaras. O problema é que o
mapa por si só não indica nada, ele não mostra as câmaras da fase e nem em que
ponto você se encontra, e não ser que você tenha um lápis e um papel para fazer
isso, sacou? Além deles temos uma espécie de martelo rosa que é um item
essencial para enfrentar os guardiões dos tesouros sagrados. Nos labirintos
existem várias estátuas de pedra que quando são destruídas com o martelo libera
um soldado voador chamado Centurion
que irá te auxiliar na luta contra os bosses,
portanto, é bom investir uma boa quantia de seus corações nesse item e dar uma
boa vasculhada nas fases de chefões para facilitar a batalha contra eles.
Os gráficos, apesar de estarmos
falando de um jogo de Nintendinho da década de 80, poderiam ser um pouquinho
mais caprichado, alguns lugares simplesmente não tem nenhuma imagem de fundo, é
tudo preto e sem vida. Já as músicas são muito boas, desde o tema de abertura
até as fases de bosses, mas nada de
memorável que vá ficar grudado na sua cabeça depois da jogatina.
Fonte: (entretenimentomijiniano) |
A crítica ficou bem dividida em
relação a Kid Icarus, muito foi
falado da sua variedade de jogabilidade, das suas limitações gráficas, das
excelentes composições musicais e, principalmente, da sua dificuldade acima da
média, muitas vezes ocasionada por falhas de programação. Eu tenho um exemplo
perfeito para isso: se você estiver numa plataforma mais fina e abaixar você
cai (isso é possível em alguns jogos de aventura quando você abaixa e aperta o
botão de pulo, por exemplo, mas no Kid
Icarus você só precisa se abaixar). Nas fases do Overworld existe diversas plataformas que podem fazer você cair se
você apertar para baixo acidentalmente. Tinha um trecho nessa fase que você
ficava em cima de uma plataforma de gelo enquanto tem um monstro atirando
projéteis na sua direção e alguns monstros voadores sobrevoando você. A melhor
opção que você teria para desviar de tudo era ficar abaixado, mas se você
abaixar você cai, morre e volta para o início da fase. Momentos frustrantes
como esse é frequente durante toda a aventura. Mas enfim, Kid Icarus do Nintendinho acabou se tornando um clássico com o
tempo, vendendo cerca de 1,76 milhões de cópias até hoje e entrando na lista
dos melhores jogos do Nes já lançado.
É um jogo com uma história sólida, com uma jogabilidade que tem bastante
recurso e com uma trilha sonora competente. Teve uma sequência lançada para
Game Boy em 1991 nos EUA, com o título de Kid
Icarus: Of Myths and Monsters, com uma mecânica semelhante ao antecessor.
Após isso permaneceu cerca de 20 anos no limbo, com Pit fazendo algumas
participações especiais em outros jogos como Tetris, F-1 Race e Super Smash Bros Brawl (onde conheci o
personagem e onde ele teve a aparência completada remodelada), e até em um
desenho americano chamado Captain N: The
Game Master. Em 2012, finalmente é lançado o novo jogo da série: Kid Icarus: Uprising para o Nintendo 3DS, apesar de ele já ter sido
anunciado dois anos atrás na E3 2010, trazendo de volta o carismático Pit em
uma nova aventura de tiro em 3D. Para quem não teve a oportunidade de jogar o
primeiro jogo eu recomendo que dê uma conferida nesse universo superinteressante,
pois apesar de hoje parecer um jogo simplório à primeira vista, Kid Icarus do Nes se revela bastante elaborado e desafiador para quem não utiliza
os artifícios de salvamento de jogo proporcionados pelos emuladores, hehe.
Fonte: (smashboards) |
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